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Risco de doenças do coração é maior no inverno

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Dois estudos apresentados neste final de semana durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, ocorrido em Amsterdã, na Holanda, mostraram que o inverno é a época mais perigosa do ano para quem sofre de problemas no coração. Em uma das pesquisas, os cientistas relacionaram diretamente o clima frio a um maior risco de ataques cardíacos. No outro estudo, os pesquisadores concluíram que os fatores de risco para problemas do coração — como pressão alta e nível de colesterol — eram maiores durante os meses frios do ano.

A primeira pesquisa foi conduzida por Marc Claeys, pesquisador do Hospital Universitário da Antuérpia, na Bélgica. Ele estudou como os fatores meteorológicos — e sua variação anual — poderiam afetar a saúde cardíaca da população. “Conhecer melhor os impactos do ambiente sobre os infartos do miocárdio poderá ajudar os médicos e os políticos a criarem estratégias de prevenção para a população de risco”, diz o cientista.

Para isso, ele realizou uma contagem semanal dos pacientes que haviam sofrido infarto agudo do miocárdio e foram submetidos a uma intervenção cirúrgica em 32 centros cardíacos da Bélgica, entre 2006 e 2009. Foram analisados, ao todo, 15.964 pacientes.

O pesquisador comparou a taxa de internação dos pacientes com dados obtidos em 73 estações meteorológicas espalhadas pelo país. Foi analisada uma série de informações — como poluição do ar, temperatura e umidade —, mas a que apresentou uma relação direta com a taxa de ataques cardíacos foi o frio. Segundo o estudo, a cada 10 graus Celsius de diminuição na temperatura mínima, o risco de infartos do miocárdio aumentou 7%.

Os cientistas ainda não sabem exatamente por que isso acontece, mas Marc Claeys cita algumas hipóteses que já foram levantadas: “Um potencial mecanismo para explicar a relação entre a diminuição na temperatura e o aumento do número de infartos é o estímulo dos receptores de frio na pele e, por consequência, do sistema nervoso central. Além disso, o aumento da agregação de plaquetas e da viscosidade do sangue durante a exposição ao frio promove a formação de coágulos.”

Rigores do inverno — O segundo estudo analisou como os fatores de risco para problemas do coração variavam na população europeia conforme a estação do ano. Para isso, os cientistas estudaram dados coletados em 10 pesquisas conduzidas com 107.090 indivíduos de sete países europeus. Cada paciente teve medidos seus níveis de pressão arterial, lipídios, glicemia, índice de massa corporal e circunferência da cintura.

Como resultado, os pesquisadores descobriram que os níveis da pressão arterial, circunferência da cintura e colesterol total foram maiores entre janeiro e fevereiro — meses de inverno no hemisfério norte — em comparação com a média anual.

Segundo o estudo, os níveis de pressão arterial sistólica foram, em média, 3,5 milímetros de mercúrio (mmHg, unidade padrão de medida da pressão arterial) menores no verão do que no inverno. “Embora esta diferença seja quase irrelevante para um indivíduo, ela é considerável quando analisamos a população como um todo, pois todos os níveis de pressão arterial são deslocados para valores mais altos nessa época do ano, aumentando o risco cardiovascular”, afirma Pedro Marques-Vidal, pesquisador da Universidade de Lausanne, na Suíça, responsável pelo estudo.

fonte: veja.com.br