Cientistas brasileiros descobriram que um remédio para artrite, o tofacitinib, foi muito útil para pacientes com alopecia: após fazerem uso dos medicamentos, eles voltaram a ter cabelos, pelos nas sobrancelhas e debaixo dos braços.
A doença autoimune causa perda de cabelo — que pode ser parcial ou total. Mas os especialistas disseram que esse novo tratamento pode ajudar a reverter a condição. A descoberta se baseia em outras pesquisas, aumentando as esperanças de quem busca a cura da calvície.
Pesquisadores do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, testaram diversos medicamentos em duas pessoas com alopecia. Ambos os pacientes tinham sido completamente calvos por dez anos, e perderam todos os pelos do corpo em decorrência da alopecia.
No entanto, depois de dois meses fazendo o tratamento com tofacitinib, os pesquisadores observaram que o cabelo dos pacientes voltou a crescer. Além disso, depois de nove meses do experimento, eles foram submetidos a diversos exames, que mostraram que o tratamento não causa efeitos colaterais.
Os autores do estudo, publicado no Annals of Internal Medicine, afirmaram que o tratamento bem-sucedido pode melhorar a vida dos pacientes drasticamente.
Além do tofacitinib, outro medicamento também foi explorado pelos pesquisadores: os cientistas do Columbia University Medical Center relataram que 75% dos pacientes com alopecia de intensidade moderada à grave mostraram “crescimento capilar significativo” após fazer uso do ruxolitinib — aprovado para tratar malignidades da medula óssea.
No final do período de tratamento, o crescimento médio do cabelo entre os pacientes foi de 92%.
Julian Mackay-Wiggan, professor associado na universidade e dermatologista em New York-Presbyterian, disse que as respostas podem ser essenciais para descobrirem um novo tratamento — e até mesmo a cura para a calvície:
— Apesar de nosso estudo ser pequeno, fornece provas cruciais de que os inibidores de JAK podem constituir o primeiro tratamento eficaz para pessoas com alopecia areata. Esta é uma notícia encorajadora para os pacientes que estão lidando com os efeitos físicos e emocionais desta doença auto-imune desfigurante.
Tanto o tofacitinib como o ruxolitinib são conhecidos como inibidores de JAK. Eles bloqueiam a família de enzimas Janus kinase (JAK) e, ao fazê-lo, ajudam a despertar os folículos pilosos dormentes. Desta forma, impedem a sinalização inflamatória que não permite o crescimento do cabelo.
As descobertas abrem caminho para novos tratamentos, e a equipe da Universidade de Columbia disse que o próximo passo é explorar o efeito das drogas sobre a calvície padrão — a causa mais comum de calvície.